segunda-feira, 31 de outubro de 2011

“Violência Doméstica” na TV: o reflexo da vida real.

Por Ana Paula Calixto
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"Uma relação como essa entre Baltazar (Alexandre Neto)
e Celeste (Dira Paes) é muito mais comum do que se pensa."
[Aguinaldo Silva]







Sim, ilustríssimo, mas retratar o espelho dessa realidade não é nada fácil! Contudo, desde já desejo-lhe muita luz para que se expanda ainda mais seu brilhantismo.
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A violência é um fenômeno que atua em contramão a toda forma de progresso de uma sociedade. Uma força contrária que existe desde que o mundo é mundo. Ela invade todas as brechas da comunidade, não podendo se definir se sua origem é do mundo externo ou do interior dos nossos lares que, por mais “perfeitos”, não se encontram imunes a tal mazela.
A mídia se constitui como o maior veículo de informação nos tempos contemporâneos: fato. Contudo, certos temas a serem abordados nos folhetins televisivos requerem uma habilidade excepcional dos autores. Um deles é o da violência, mais especificamente, da classificada violência doméstica contra mulher. Após as novelas “Mulheres Apaixonadas” e “A Favorita”, a temática da violência contra a mulher volta à tona na novela das nove, “Fina Estampa”.
Antes de avançar no desenrolar da atual trama da novela das “oito” na Globo, aproveito o ensejo desse texto para abordar o tema violência, com o intuito de esclarecer a diferença entre algumas manifestações dela.
Há dois tipos de manifestação de violência que precisam ser diferenciados e compreendidos: violência urbana e violência doméstica.
E como diferenciar uma da outra?
1. A violência urbana se caracteriza por toda forma de violência em que a vítima não possui um vínculo afetivo com o agressor. Ex.: a vítima está andando em uma rua, a caminho de casa, é abordada por um estranho e é estuprada.
2. A violência doméstica se caracteriza pela presença de vínculo afetivo pré-existente entre vítima e agressor. Ex.: um vizinho estabelece uma relação com os pais de uma criança que mora perto de sua casa, e após ganhar confiança da família e da criança a atrai e a estupra.
Portanto, entenda-se como vínculo afetivo não só uma relação estreita, ou, um relacionamento amoroso, ou um vínculo parental. Mas, toda forma de contato entre agressor e vítima onde os mesmos já estabeleceram um convívio, permitindo que entre ambos exista uma troca de informações que facilitem o acesso do agressor à vítima e sua família. Assim, tais laços englobam além do sentimento de violação em toda sua complexidade decorrentes da vitimização, mas também sentimentos relacionados à violação afetiva de ter sido traído por alguém em quem se depositava uma confiança, ela seja em que nível for.
Especificamente, a violência doméstica contra a mulher, a qual está sendo retratada em Fina Estampa, envolve todas as formas de violência contra o seio familiar, praticamente. Pois, ela atinge o primeiro objeto de amor de todo e qualquer ser humano: a mãe. A qual se apresenta enfraquecida, debilitada, mentalmente problemática, não fornecendo uma representatividade saudável da figura materna para seus filhos, muitas vezes ainda em formação/desenvolvimento psicossexual. E eles serão os futuros pais e mães em nossa sociedade. Essa mulher traz à tona um perfil psicológico de alguém que já apresenta em suas raízes algo que a colocou em sua situação de dependência emocional grave, não só financeira, de modo que ela não consegue enxergar a vida sem o algoz. Este, por sua vez, representa para ela a figura "protetora" que ela conheceu como ideal e, ela para ele, representa o objeto dominante no qual ele pode exacerbar toda a sua agressividade - a sua maior e, talvez única, forma de exercer o poder em toda sua magnitude possível.
Fina Estampa está "mexendo" em uma “casa de abelhas”! Uma vez que a violência contra mulher desperta revolta do público para os dois lados da questão: o agressor e, também, a vítima. Esta passa, depois de certo tempo, a ser vista como seu próprio algoz, revertendo erroneamente os papéis. Visão compreensível, mas errada e que não contribui em absolutamente nada para solução do problema. Sem esquecer de um fenômeno muito frequente em mulheres vítimas desse tipo de violência: a revitimização. Termo usado para conceituar não só a vivência repetida da violência sofrida pela reprodução do ato, mas também pela reprodução verbal "infinita" que a vítima se vê obrigada a fazer numa verdadeira peregrinação pela rede de atendimento, sofrendo chacotas e discriminação muitas vezes, aumentando ainda mais sua dependência emocional e seu aprisionamento mental pelo agressor.
O que se espera de Fina Estampa é que seus autor e co-autores tenham a habilidade de construir bem a evolução dos personagens envolvidos nesse tema da trama, os quais não são poucos, diga-se. Já que, faz-se necessário cativar o público para se colocar muito mais no lugar da vítima do que do agressor, levando-se a explorar profundamente o perfil psicológico da personagem central desse: a mulher vitimizada. E também, sua família e seu círculo de amizade. E se Aguinaldo Silva introduzir as opções de assistência que existem à mulher vítima de violência doméstica, estará prestando um serviço de utilidade pública de extrema importância à sociedade brasileira.
Resta desejar que tudo isso ocorra!
[É a humilde opinião de uma simples blogueira,
mulher, mãe, telespectadora e que, não por acaso,
trabalha com vítimas de crimes todos os dias há alguns anos].
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Procedimentos e rede de assistência:
· Disk 180 (denúncias que podem ser anônimas)
· Delegacia dos Crimes Contra a Mulher: ela deve se dirigir para fazer um B.O. o mais rápido e próximo da data da última agressão sofrida. Isso pode garantir que o agressor seja preso em flagrante e que se resguarde ainda mais a integridade física, moral e psicológica da mulher vítima.
· Havendo marcas físicas da agressão, a mulher deve se dirigir, após ter feito o B.O., a um IML, para se submeter aos exames necessários que são cruciais num processo criminal, pois eles apresentarão provas palpáveis do crime.
· A mulher também deve se conduzir a um Centro de Apoio Às Vítimas. Existem vários espalhados pelo país e, caso não tenha em sua cidade, a mulher pode se dirigir a um CRAS ou CREAS para ter acesso a tal assistência na rede pública de saúde de forma mais adequada. Além de outros serviços.
· Caso a mulher esteja sofrendo risco de morte, após informar isto na delegacia, ou mesmo, num CRAS ou CREAS, ou num CEAV (Centro de Apoio Às Vítimas), a mulher deve ser conduzida com seus dependentes a uma “Casa Abrigo”, na qual poderá permanecer durante cerca de 3 meses, ou, até se articular um local seguro para ela e seus familiares ficarem. Porém, é necessário prestar um B.O. para ingressar na “Casa Abrigo”.
· A assistência jurídica pode, inclusive, ser fornecida pela Defensoria Pública, que dispõe de Núcleos específicos no atendimento jurídico de mulheres vítimas de violência doméstica.
· Para o casal, quando estes apresentam o desejo de continuarem juntos, pode ser acessado o serviço de assistência psicológica para psicoterapia de casal e/ou familiar. Tais serviços psicológicos são prestados em Centros de Referência na Assistência Às Mulheres Vítimas de V.D., espalhados no país.
Dicas para acessar tais serviços, ou onde adquirir informações sobre eles: CRAS, CREAS, Delegacias, Hospitais, CAPSIS, Unidades de Saúde.

sábado, 29 de outubro de 2011

Estúpido Cupido - Febre Geral



Por Eduardo Vieira

Estúpido Cupido, uma novela de Mário Prata que foi ar em 1976, foi uma bela surpresa aos espectadores. Geralmente novelas de época reportavam-se sempre a períodos bem mais longínquos, especialmente aquelas adaptadas de obras da literatura brasileira, veiculadas sempre às 18:00.

Mário Prata trouxe uma surpresa ao horário das 19:00, uma história um tanto autobiográfica que nos leva a sua cidade, a mítica Alburquerque,  revista em Bang Bang e em outras de suas obras. Na cidade residem personagens que na época caíram na boca do povo, como a desquitada feita pela bissexta atriz de televisão, Maria Della Costa, e o ator também mais afeito aos palcos, Leonardo Villar, que imprimiam um ar de maior seriedade. Junto a esse polêmico romance, estava a história de Maria Teresa, filha dessa mulher que também tinha um namoro com João, o então galã Ricardo Blat. 

Mesmo não sendo uma beleza padrão, Françoise Fourton, com seu charme e sobretudo, talento, nos convencia que ela sim poderia galgar o título de Miss Brasil,  o que colocaria a perder o seu romance juvenil. E é nessa expectativa que a já miss Albuquerque e nós passamos toda a novela. Para ilustrar tais romances, também havia a turma dos estudantes que se transformam em motoqueiros e paqueradores que assombravam a cidade. Eles, além de Ricardo Blat, eram interpretados por João Carlos Barroso, Tião Dávila e aquele que roubava todas as cenas, o impagável Mederiques, vivido por um mais versátil, Ney Latorraca. O Personagem fez tanto sucesso que acabou ofuscando o par central. Até arrumaram um amor para o personagem, a linda Betina, vivida por Heloisa Milet, atriz que sempre brilhava em papéis no horário das 19:00, como em Te contei? e em Marrom Glacê.

A novela era uma delícia, em uma época em que podia haver temas engraçados aliados aos mais sérios, que precisavam ser sufocados como  por exemplo , pela voz de um personagem louco, Belchior ( Luis Armando Queiroz), que vivia numa praça e  criava uma rádio imaginária em momentos de insanidade em que criticava a  hipocrisia social, tema   igualmente visto  por um outro lado, desta vez bem mais cômico,  pela figura das fofoqueiras vividas maravilhosamente, por Célia Biar e Kleber Macedo, cujas línguas não poupavam nenhum personagem da novela, nem mesmo as freiras que por sinal também enfrentavam uma crise de valores, pois viviam sob o jugo da temida Madre Encarnacion,  uma perfeita Ida Gomes em um dos muitos papéis de freiras em sua carreira. As freiras mais jovens, Elizabeth Savalla e Suely Franco sempre tentavam esconder as diabruras das meninas que não eram tão santas como a madre desejava. Uma cena clássica da novela é a personagem de Suely Franco de hábito aprendendo a dançar o twiste.


O autor fez um painel, como em Os Boas Vidas, de Federico Fellini, desses personagens que sonhavam sair de Albuquerque e ganhar a cidade grande, mostrando todos os ritos de passagem da época, assim como os costumes ingênuos e muitas vezes maldosos de um tempo em que a aparência valia muito mais que a essência.

No final da novela, esta ganha um salto e o que era preto e branco fica colorido... e mostra os principais personagens já no Rio de Janeiro, nos anos 70 da contracultura e com uma ideia metalingüística muito original pra época. Eles vendo o capítulo da novela em que o personagem Caniço (João Carlos Barroso) escrevera, funcionando como um alter-ego do próprio Prata.


Um fato à parte do sucesso da novela foram as duas grandes trilhas sonoras, uma das mais vendidas na história das novelas, com sucessos dos anos 60, como Biquíni de Bolinha Amarelinha, em que até aparecia uma personagem para ilustrar a música, a jovem Ana Maria, vivida por Heloísa Raso até temas mais sérios como Meu Mundo Caiu, de Maysa Matarazzo que ilustrava o romance proibido do viúvo com a desquitada.


Acredito que deveria haver mais idéias de histórias passadas em décadas nem tão antigas, como a década de 70, por exemplo, a década de ouro para essas telenovelas, mas vistas sob o ponto de vista de hoje, como por exemplo, uma história que conte como era feita uma novela naquela época.

Fotos: Revista Amiga
Revista Sétimo Céu
            Portal Globo.com
            Google
Vídeos: You Tube 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Especial O Astro (Parte II) - Entrevista com Tarcísio Lara Puiati "Um dos Senhores das Onze"

Comemorando em grande estilo os 60 Anos da Telenovela Brasileira, Sob as bençãos da "Nossa Senhora das Oito", a saudosa Janete Clair, a Globo não poderia ter sido mais feliz na escolha dos responsáveis por atualizar a trama de O Astro. Coube aos autores Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, com a colaboração dos talentosos Vitor de Oliveira e Tarcísio Lara Puiati, tal incumbência. A novela das onze chega à reta final. E lógico, os convidamos, e eles nos deram a honra dessa grata entrevista. Confira a 2ª parte, com o querido Tarcísio Lara Puiati:


Por Isaac Abda

É sabido que o trabalho de autoria de novelas é sistemático, e muitas vezes a criatividade não se faz presente. Já na sua estréia, lhe coube colaborar no time de escritores da novela O Astro. Dentre as cenas desenvolvidas por você, vistas no ar, alguma já te fez pensar que poderia ter sido melhor, se escrita num outro momento?
Tarcísio Lara Puaiti - Novela a gente tem que estar sempre inspirado, todo dia. Vendo no ar, muitas vezes a gente pensa que poderia mexer alguma coisa, alguma fala, alguma situação. Mas não sofro com isso. O importante é manter o ritmo da escrita e o prazer de escrever. Muitas vezes, acontece também de eu me surpreender com a cena no ar. Temos uma produção incrível e atores maravilhosos, então várias cenas ficam ainda melhores do que no papel. Isso dá uma grande felicidade e orgulho de fazer parte do time! TV é trabalho de equipe!



Como tem sido trabalhar com o Geraldo Carneiro e Alcides Nogueira, ao lado do Vitor de Oliveira?
Tarcísio Lara Puaiti - Tem sido maravilhoso e muito emocionante! Faço parte de uma equipe dos sonhos. Geraldo e Alcides são dois mestres queridos. Vitor é um autor inspirado e promissor. Tem sido uma alegria fazer parte do grupo. Aprendo todo dia com eles. Sou fã dos três.



Você já tinha assistido a primeira versão de O Astro? Se não, teve o interesse por vê-la, a partir do compromisso firmado, de atualizá-la com os demais autores?
Tarcísio Lara Puaiti - Tinha assistido apenas algumas cenas clássicas no You Tube e no Video Show. O que guiou nosso trabalho foi mesmo a sinopse feita pelo Alcides e pelo Geraldo, atualizando os temas e os personagens e criando tantas novidades e reviravoltas. Vejo essa novela "O Astro" como uma grande homenagem à primeira novela "O Astro" e às telenovelas brasileiras, que emocionam tanto a gente há 60 anos.
São muitos os esforços das emissoras para que os capítulos finais de suas novelas, não vazem. Mas ainda assim, a mídia especializada tem conseguido divulgar antecipadamente, os desfechos de alguns personagens. Acredita que O Astro manterá a expectativa até o momento de sua última exibição? O que tem sido feito para tanto?
Tarcísio Lara Puaiti - Não posso falar muito sobre isso... Mas posso garantir que todos os cuidados estão sendo tomados para que o público tenha um capítulo final cheio de surpresas!


Na versão original, antes mesmo de a novela começar a ser gravada, a autora Janete Clair já havia decido, e manteve inalterada a sua escolha de quem seria revelado como assassino do Salomão Hayalla. Isso se repete, na atual versão? Se sim, o (a) ator/atriz sabe da importância de sua personagem na solução do “Quem Matou Salomão Hayalla?
Tarcísio Lara Puaiti - Não sei responder essa pergunta... O que posso dizer é que temos um time fabuloso de atores, todos desempenhando seus papéis com muito amor, garra e profissionalismo. Então, todos sabem da importância de seus personagens para que a trama aconteça. Isso é uma alegria para quem escreve.
Obrigado pela atenção e que venham outros trabalhos bem sucedidos!
Tarcísio Lara Puaiti - Agradeço muito pela entrevista nessa semana final da novela e aproveito para agradecer o carinho de todos com "O Astro". É minha estréia na TV Globo. Sinto-me muito gratificado pelo trabalho e feliz por ter começado na emissora com o pé direito. Acho que minha pedra é ametista! :-)




O Posso Contar Contigo? pediu a alguns amigos, leitores do blog e sobretudo  telespectadores de O Astro, que evidenciassem as suas impressões sobre a novela das onze. Vamos Conferir?! 


"Essa super produção da Globo, conseguiu atender às expectativas dos mais exigentes telespectadores. Confesso que nos últimos anos nada tinha me chamado tanto a atenção como essa novela. Foi possível embarcar em várias tramas, pois teve suspense, romance, drama, e essa última semana esteve magnificamente perfeita. Muitos criticaram a cena do Herculano virando um pássaro, mas eu adorei, a novela é lúdica, emanou magia em toda a sua trajetória. Espero que as próximas produções do horário sejam tão boas quanto foi O Astro. Que saia logo o DVD! Parabéns a toda equipe que tanto admiro!"

Fábio Dias - Blogueiro (O Cabide Fala)

"Achei um excelente produto. As interpretações mais fortes, uma direção precisa e um enredo que sobrevive ao tempo. Não acompanhei a primeira versão, mas essa me marcou. Como não levar na bagagem o caricaturismo da Regina Duarte e a química entre Carolina Ferraz e Rodrigo Lombardi?!"

Guto Angélico - Ator, Apresentador/Colunista (ProgramaTricotados)

"O Astro foi uma novela maravilhosa, daquelas que a gente percebe que foi feita com paixão, um presente pros amantes da dramaturgia de qualidade. Valeu a pena cada vez que deixei de sair para ver, cada dia que tomei litros de café para segurar o sono. A novela e seus personagens, em especial a maravilhosa Clô Hayalla, ficarão para sempre entre os meus preferidos."

Glauce Viviana - Advogada, Twitteira

"O Astro foi uma acertada estreia, ou melhor, reestreia (haja vista as clássicas novelas das 10 nos anos 70) de mais um horário dedicado à teledramaturgia: o texto bem articulado e o ritmo frenético da releitura da novela de Janete Clair encantaram público e crítica. Parabéns aos envolvidos nesta singular obra, e que novos trabalhos de igual calibre e qualidade façam história no novel horário da novela das 11."

Felipe - Advogado, um dos Autores do Posso Contar Contigo?

"O Astro, pra mim, foi mais que especial, me sinto parte do projeto porque pude acompanhar o entusiasmo do meu querido Alcides Nogueira e a estreia do meu amigo/irmão Vitor de Oliveira. O sucesso veio pra quem merece e isso me deixa muito feliz, sem dúvidas uma produção primorosa e cheia de acertos, onde destaco os maravilhosos trabalhos de Regina Duarte e Rosamaria Murtinho."

Ivan - DJ, Twitteiro

"O Astro foi o começo de uma nova era em telenovelas, um divisor de águas na dramaturgia... O Astro, teve Ellen Roche, isso basta (risos)"

Guilherme Diaz - Blogueiro (Os Colunáveis)

"O Astro foi uma interessante experiência às 23 horas. Um ritmo ágil, típico de seriado americano e com um tom melodramático recheado de cenas calientes que, por vezes, remeteram aos bons tempos da ousada Manchete. Seu maior mérito foi apresentar ao público de hoje uma trama da tão comemorada novelista Janete Clair, cujos remakes anteriores não foram felizes, ou por inadequação de horário (Irmãos Coragem em 1995), ou simplesmente desinteresse momentâneo(Selva de Pedra em 1986) ".

Francisco Eduardo - Servidor Público, twitteiro

"A DO RO o tom e a linguagem deste remake, o elenco está irretocável, mas o que me chama mais atenção é a maestria com que o Alcides Nogueira, Geraldo Carneiro e seus colaboradores criam ganchos tão sedutores que é impossível não assistir ao próximo capítulo. Nunca perdi um! O texto tem uma dramaturgia poucas vezes vista, tão sagaz que mesmo sendo um remake, o telespectador nunca sabe o que acontecerá! A direção é bárbara, tanto no total cuidado quanto no ritmo, cortes precisos. Enfim, para mim o único defeito que acho IMPERDOÁVEL em "O Astro" é acabar hoje... Vai deixar o maior gosto de quero mais! Parabéns a todos!"

Jackeline Barroso - Empresária, Promoter e Agente de Artistas

"Eu curti, sabe? Pra mim, foi uma iniciativa válida. Abriu um novo horário na grade, opção pra quem curte dramaturgia mais adulta. Maior liberdade de criação para os autores, fora que... a estréia do Vitor, né? Todo um simbolismo.
E ainda que eu não concorde com algumas coisas (como a entrada da Juliana Paes, por exemplo), o salto é ultra positivo. O Astro valeu."

Eddy Fernandes - Estudante, Blogueiro (Histórias de tatu)

"Gravar O Astro foi realmente uma emoção, sabendo que a minha mãe na época também participou da gravação eu fiquei ainda mais pilhado em participar.
O elenco foi maravilhoso tanto no lado profissional quanto do lado pessoal, assistir esta novela e ver todo trabalho de vários meses de gravação foi muito especial."

Felipe Cabral - Ator

"Assistir ao remake da clássica novela “O Astro” pra mim foi à realização de um sonho por vários motivos, o primeiro, por se tratar de uma lendária novela da história da nossa teledramaturgia brasileira e ainda por ser escrita pela inesquecível novelista Janete Clair, ou seja, sempre quis conhecer essa história que tanto ouvi falar (pelos meus pais e avós) e que até então só conhecia através de minhas pesquisas e leituras sobre o gênero, o segundo motivo é que estava louco pra ver mais uma novela do nosso querido Tide, que sempre admirei muito, o terceiro, é porque a novela teria como protagonistas duas atrizes que admiro muitíssimo que são: Carolina Ferraz e Rosamaria Murtinho, o quarto motivo é que teria como co-autor e colaborador ninguém menos que Geraldo Carneiro e Vitor de Oliveira, que são dois seres humanos incríveis e extremamente talentosos. Sem mais delongas tive motivos de sobra pra amar essa marcante novela que foi “O Astro”. Parabéns a toda equipe que fez esse impecável trabalho que jamais esqueceremos!"

Jéfferson Balbino - Ator, Blogueiro (No Mundo dosFamosos)

"O Astro foi uma novela iluminada das 23 horas. Tudo aconteceu de forma agilizada, dinâmica, resgatando os tons folhetinescos tão raros hoje em dia. "O Astro" foi muito bem escrito e bem dirigido, empolgando e prendendo o telespectador. Com algumas correrias, a novela marcou 28 pontos de audiência na estreia, índice muito alto para o inédito horário das 23h. Isso mostrou que uma obra de qualidade é atemporal, e permanece incrível por muitos anos. Um grande presente aos 60 anos de telenovela brasileira.
O destaque da novela foi a grande volta de Regina Duarte à TV, depois de pequenas aparições em "Araguaia" e "As Cariocas". Regina voltou em ótimo estilo, mostrando a sua Clô Hayalla, uma mulher de várias nuances, densa, tensa e intensa.
Parabéns aos autores de "O Astro", diretores, colaboradores e elenco pelo grande novelão arrebatador! "O Astro" é a esperança de um formato novo na TV (macrossérie, novela, especial), com base numa obra inesquecível de Janete Clair, mostrando uma obra de qualidade que não aparecia há muitos anos na emissora global. Excelente! Vai deixar saudade!"

Túlio Deleon - Blogueiro (Tudo é Crítica)

"Quando a reprise de “Vale Tudo” encerrou-se, no Canal Viva, nós, noveleiros, ficamos nos perguntando: o que iremos comentar antes de dormir em nossas redes sociais? Eis que surge “O Astro” para ocupar brilhantemente este lugar. Foi um novelão arrebatador, envolvente do começo ao fim. Difícil destacar apenas uma pessoa do elenco, mas é inegável que Regina Duarte foi a alma da novela. A “monstruosa” Tia Clô ficara para sempre eternizada em nossa lembrança. A pedra ametista é poderosa! Que venham novos produtos do mesmo quilate nesse ótimo novo horário de novelas da Globo!"
Márcio Adson - Advogado, Twitteiro


"O Astro foi uma novela que superou minhas expectativas. Já esperava que fosse uma produção de excelência por ser a atualização de uma novela pela qual já nutria interesse; mas a cada capítulo crescia o interesse e afeição por trama e personagens. A combinação de ótimo plot + ótimos texto e elenco fizeram uma produção que me despertou fortes emoções e deixará saudades."

Evana – Roteirista, Blogueira (Histórias deTatu)

"Muito mais do que a obra em si, o que me chamou a atenção nesta iniciativa foi a intenção da Rede Globo de restabelecer uma quarta faixa horária dedicada à produção de telenovelas. É bem verdade que no caso de O Astro a denominação “novela das onze” foi mero golpe publicitário, já que o que se viu no ar foi uma macrossérie, com 64 capítulos exibidos de terça a sexta-feira. Minha esperança é que, com o sucesso do remake, a emissora se sinta encorajada a investir em novas produções. Já é público que há o projeto de Gabriela, no mesmo formato. Sonhar é livre, e o meu é com o horário consolidado e permanente na grade da emissora, dedicado não só a remakes, mas também a produções inéditas, com a ousadia e inovação que caracterizaram as antigas e saudosas “novelas das dez."

Fernando - Blogueiro (Agora é que São Eles)

"A atualização do clássico de Janete Clair abriu precedente para revisitações de outros clássicos e mesmo para novas empreitadas. A boa audiência desse remake comprovou que existe público pra esse horário ávido por um produto de uma qualidade mais diferenciada, como foi texto, direção e o produto como um todo.

Além disso, foi a estreia do amigo Vitor, a quem desejo que encontre outros autores tão generosos quanto Alcides Nogueira e que esse seja o primeiro de muitos sucessos!"

Dan Pepe - Blogueiro (Agora é que São Eles)

Obrigado a todos pela colaboração, e em especial ao Lip!!!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Especial O Astro (Parte I) - Entrevista com Alcides Nogueira e Vitor de Oliveira: "Os Senhores das Onze!"

Comemorando em grande estilo os 60 Anos da Telenovela Brasileira, Sob as bençãos da "Nossa Senhora das Oito", a saudosa Janete Clair, a Globo não poderia ter sido mais feliz na escolha dos responsáveis por atualizar a trama de O Astro. Coube aos autores Alcides Nogueira, Geraldo Carneiro, com a colaboração dos talentosos Vitor de Oliveira e Tarcísio Lara Puiati tal incumbência. A novela das onze chega a reta final. E lógico, os convidamos, e eles nos deram a honra dessa grata entrevista. Confira a 1ª parte com os queridos Alcides Nogueira e Vitor de Oliveira:


 Por Isaac Abda
Ao Alcides Nogueira:

Logo de início você teria rejeitado o título de novela para o projeto de O Astro, preferindo defini-lo como série. No entanto, o público parece ter se apaixonado pela “novela das onze”, e a Rede Globo, sabiamente oportunista, já prepara o lançamento de Gabriela para o mesmo horário. Óbvio, que você tinha em mãos uma excelente proposta da emissora, mas, considerando o horário e o produto, num formato inovador, havia um temor de que pudesse não ser bem sucedido?
Alcides Nogueira - Sempre há esse temor, porque a telinha tem seus mistérios. Mas o desafio é instigante! Geraldo Carneiro e eu tínhamos uma ótima história nas mãos... mas, ao mesmo tempo, sabíamos que não seria fácil revisitar a obra de Janete Clair, a menos que “descobríssemos” uma chave para isso. Optamos pelo despudor, procurando trazer as tramas para os nossos dias, mas com uma pegada “vintage”, que desse ao espectador a sensação de estar assistindo a uma novela do final dos anos 70.


Você acompanha a novela no exato momento em que vai ao ar? Se sim, consegue fazê-lo como um, de milhões que assistem por prazer, ou é tão autocrítico que não abandona o olhar profissional nem por um instante? Permite-se ser influenciado pela audiência minuto a minuto, ao ponto de uma personagem/trama rumar para algo totalmente involuntário?
Alcides Nogueira - Assisto no momento em que vai ao ar. Tenho reações de surpresa, de espanto, e também de curiosidade, como os milhões de telespectadores. É muito bom isso! Mas é claro que existe a autocrítica. Percebo quando uma trama pegou um caminho esquisito. E, sempre depois da exibição do capítulo, converso com Geraldo Carneiro e com os colaboradores Tarcísio Lara Puiati e Vitor de Oliveira, para trocar figurinhas com eles.

Alguma personagem em especial que você lamenta não ter podido, ao longo da história, dar o “merecido”, porém inviável, destaque?
Alcides Nogueira - A mudança de formato (dos 180 capítulos do original ficamos com 64) fez com que várias tramas fossem deixadas de lado... ou não fossem tão coloridas. Uma pena...

O Astro é incontestavelmente um sucesso de crítica e de audiência. Elenco afinadíssimo, belas imagens, agradável trilha sonora, direção em harmonia com a equipe de autores. Mas houve quem estranhasse e até mesmo rejeitasse o ritmo ágil dado à trama. Um autor experiente como você o é, sabe facilmente prevê esse tipo de reação “contrária”.  Em algum momento, com a novela já em exibição, você pensou em amenizar essa característica? Você teve total apoio da emissora para fazer dessa nova versão, “O Astro como você nunca viu!”?
Alcides Nogueira - Realmente o ritmo foi muito ágil. Propositadamente. Geraldo e eu já tínhamos definido isso, quando começamos a escrever a série. A Globo nos deu total liberdade de criação. Além disso, tínhamos o suporte de Roberto Talma, que é genial, e do Mauro Mendonça Filho. Os dois entenderam, desde o início, a nossa proposta. E compraram a nossa ousadia.

Time que está vencendo é preservado. Você pretende ratificar essa afirmativa em seus próximos trabalhos? Obrigado pela atenção ao Blog!
Alcides Nogueira - Tarcísio e Vitor são dois jovens autores muito talentosos e profissionais. Foi uma tranqüilidade trabalhar com eles. Geraldo e eu sempre contamos com os dois. Sem dúvida eu quero que eles estejam comigo em trabalhos futuros. Mas, ao mesmo tempo, torço para que, logo, possam exercitar a criatividade em suas próprias histórias. Eles merecem. Quanto à parceria com Geraldo Carneiro (que foi a segunda – já tínhamos escrito “JK”, com Maria Adelaide Amaral), é sempre uma alegria. Geraldo é maravilhoso! Conseguimos formar um dream team.


Ao Vitor de Oliveira:

Como surgiu o convite para colaborar em O Astro?
Vitor de Oliveira - Depois de passar por todo o processo da oficina de teledramaturgia, fiquei à disposição da emissora para os trabalhos que ela designar. O convite surgiu da própria CGDA (Central Globo de Desenvolvimento Artístico), mas lógico que, assim que soube do projeto fiquei torcendo para ser escalado, afinal seria uma sorte imensa estrear em uma obra de Janete Clair sob a batuta do Tide, que além de ser um grande mestre, é uma pessoa a quem admiro imensamente como profissional e amigo e com quem tenho uma enorme afinidade. Quando soube que meu colega de oficina Tarcísio também estava no projeto, vibrei mais ainda. E Geraldo, além do talento conhecidíssimo, é outro gentleman.  Em suma, acho que a emissora leva muito em conta esses critérios e, principalmente nossa aptidão para determinado tipo de produto. Como durante a oficina, demonstrei muito gosto pelo novelão, acho que juntou a fome com a vontade de comer.

Ser escolhido dentre tantos, desperta também, sentimentos como inveja/despeito? Como você lida com isso?
Vitor de Oliveira - Acredito que sim, mas, sinceramente, não percebo muito isso. Não sou de ficar dando importância a esse tipo de coisa. Acredito que cada um tem sua própria história pra construir e quem fica muito preocupado com o  jardim do vizinho acaba não cuidando bem do seu próprio jardim. O fato é que ter sido escolhido não foi um golpe de sorte, mas sim fruto de muito trabalho e muita seriedade. Não caí de paraquedas: estudei, fiz inúmeros cursos e sou apaixonado por telenovelas desde que me conheço por gente. Portanto, se há alguma inveja, ela nem me afeta, pois nem chego a perceber.

Como colaborador de O Astro, existem personagens/núcleos específicos, sob a sua responsabilidade?
Vitor de Oliveira - Todo mundo acaba escrevendo para todos os núcleos, mas claro que há aqueles em que escrevemos mais. O Tarcísio, por exemplo, escreve com maestria a maioria dos impagáveis diálogos de Pablo e Cleiton e as armações de Neco e Ubiraci. Me dão muitas cenas de amor pra escrever. Eu escrevi muitas cenas de Márcio e Lili, de Márcio e Jôse, algumas de Herculano e Amanda e quase todas de motel Será que pensam que sou tarado? (Risos). Mas tem um núcleo que escrevo bastante e que tenho um carinho todo especial que é do triângulo amoroso Sílvia / Amin / Jamile. O trio de atores é inteligentíssimo e atinge com maestria o objetivo da cena. Também escrevi muitas cenas hilárias de Youssef e Nádia e muitas das conspirações de Samir com os irmãos no escritório. Nos últimos capítulos, tenho escrito muito Assunção também. Tide e Geraldo são generosíssimos e me deram ótimas cenas pra escrever desde o início, sempre com muita liberdade pra criar. Um presentão que me deram foi ter escrito o churrasco de Lili na Mansão Hayalla. Me diverti muito.


Essa cena do churrasco foi muito comentada, inclusive no twitter, onde está concentrado o maior número de críticos “especializados” em teledramaturgia, que se possa imaginar. Houve nela a intenção de homenagear o Alcides Nogueira, em referência à uma cena clássica de Rainha da Sucata, novela também escrita por ele?
Vitor de Oliveira - Claro! Não só uma homenagem ao próprio Alcides, como também à Regina Duarte que em “Rainha da Sucata” oferecia uma linguiça para Laurinha (Gloria Menezes). Desta vez, na pele de Clô, Regina viveu o outro lado quando Cleiton (Frank Menezes) lhe ofereceu a linguiça. Fiquei muito feliz em saber que Regina se divertiu muito com a cena e também adorei toda a repercussão que esse churrasco teve. Esse tipo de referência metalinguística é deliciosa pra quem reconhece e acompanha telenovela. O cinema já faz isso há anos e está mais do que na hora da telenovela reverenciar a si mesma, como fez em “Ti Ti Ti”. Isso só valoriza o próprio gênero.

A interpretação da Regina Duarte foi bastante criticada. Mas, de modo geral, como você lida com as críticas a essa versão de O Astro?
Vitor de Oliveira - Tem um texto que escrevi no melão chamado “O dia em que conheci Clô Hayalla” (leia, aqui) que resume toda a minha admiração por Regina Duarte. Acho que a interpretação dela sempre gera controvérsias porque Regina não é uma atriz que trabalha em sua zona de conforto. Ela não tem medo do risco, sempre procura ir além e, por isso mesmo, nunca passa despercebida. Sua Clô Hayalla é um verdadeiro carrossel de emoções. Clô é exagerada e intensa por natureza e Regina soube traduzir a alma dessa mulher de maneira simplesmente genial. Não consigo imaginar essa versão de “O astro” sem a Clô de Regina Duarte: essa mulher é um gênio e soube imprimir sua Clô de maneira indelével. E ao lado de Rosamaria Murtinho, Regina protagonizou cenas memoráveis. Sou fã absoluto. Quanto às demais críticas, lido com bastante naturalidade, pois sabemos que tudo não vai ser perfeito o tempo todo, mas as qualidades são infinitamente superiores aos defeitos. Acho que Tide e Geraldo sabem muito bem separar aquilo que é construtivo do que tem somente a intenção de ser corrosivo e maldoso. Felizmente, as críticas positivas são a maioria esmagadora.


São meses à frente do computador, criando histórias/diálogos. Como tem sido a sua rotina?
Vitor de Oliveira - Apesar de muito trabalho, é o emprego que sempre sonhei. Tenho um prazo para a entrega das cenas, mas sou eu mesmo quem faço meu horário e adoro escrever de madrugada. Como é um trabalho sistemático, nem sempre a criatividade está a mil, mas é preciso sempre escrever da melhor maneira possível e cumprir o objetivo que é atender a encomenda. Minha rotina consiste em ler atentamente e pensar muito nas cenas antes de escrevê-las. Faço muito isso durante o dia e escrevo de noite. Claro que a vida social diminui drasticamente, mas o prazer de escrever compensa tudo. Sendo muito sincero, é tão bom que nem parece trabalho. Os personagens invadem seu cotidiano completamente e até acho que eles ganham vida própria, ou seja, muitos diálogos pedem para ser escritos. Não vou mentir, é uma delícia.


O que vai fazer após O Astro?
Vitor de Oliveira - Tirar férias (risos). Ir para um lugar bem tranquilo e recarregar as baterias para o próximo trabalho, afinal estou nessa maratona física e emocional desde os tempos da oficina no ano passado.

Projetos à vista? Você mantém contrato com a Rede Globo? Obrigado pela gentileza!
Vitor de Oliveira - Sim, meu contrato não é por obra, portanto estarei à disposição para um próximo trabalho. Ainda não tenho projetos à vista na televisão, mas tem novidades vindo por aí em outras áreas. Assim que se concretizarem, prometo contar tudo (risos). 

Fotos: Globo.com
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Vídeo: You Tube

domingo, 23 de outubro de 2011

MINHA NOVELA FAVORITA: HISTÓRIA DE AMOR

por DENIS PESSOA

Quando a novela História de Amor estreou, no dia 03 de Julho de 1995, jamais pude imaginar que o drama assinado por Manoel Carlos viria a tornar-se a minha novela favorita – posto que ainda não foi substituído por nenhuma outra obra na TV.
            O que ocorreu na época foi que, além de eu ter meus nove anos, e portanto, não prestar muita atenção às novelas, achava História de Amor um pouco “down”, (seja o que uma criança entende por isso) no meu entendimento parcial das coisas. Tudo o que eu via eram cenas incompletas, onde os personagens discutiam, choravam, trocavam agressões verbais e físicas, e em que os motivos disso estavam acima da minha compreensão. No fim, ficou uma imagem negativa: a histeria de Paula (Carolina Ferraz), a melancolia de Joyce (Carla Marins), a agressividade de Assunção (Nuno Leal Maia), a covardia de Caio (Ângelo Paes Leme). Ou seja, algo totalmente desinteressante para uma criança.
            Porém, dois anos depois, veio Por Amor, e eu, um pouco mais velho, já descobrindo o novo prazer de escrever histórias, dei mais atenção a esta obra, pois o universo de Manoel Carlos me cativou imediatamente, e me apaixonei de forma instantânea por personagens como Eduarda (Gabriela Duarte), Branca (Suzana Vieira) e, especialmente, Helena (Regina Duarte). Porém, ainda assim, não era capaz de entender o que era uma novela como um todo. Era mero passatempo, nada capaz de me manter quieto, aos meus 11 anos, durante uma hora inteira diante da TV.
            Em 2000, veio Laços de Família. Então eu, já admirador de telenovelas, ciente da existência e obra de Manoel Carlos, tendo-o inclusive como referência, acompanhei esta novela com paixão, embora não conhecesse e relacionasse todas as histórias anteriores escritas por ele, como Felicidade e Baila Comigo.
O Autor, Manoel Carlos
            Em 2001 estreou Presença de Anita, e se faltava algo para consagrar Manoel Carlos como meu autor favorito, acabou-se. A série, um suspense com diálogos e situações que somente ele sabe escrever, me fez pensar: “um dia quero ser como ele”. Aí sim, passei a acompanhar sua carreira, e a assistir avidamente tudo o que se dizia na TV a seu respeito.
            Os anos seguintes foram, o que eu considerei uma maravilhosa overdose de Maneco: pouco mais de um ano após sua exibição original, a minissérie Presença de Anita foi reprisada. E então, no dia 10/12 de 2002, entrou no ar a reprise da novela até então esquecida em minha memória: História de Amor. De imediato lembrei de Joyce, de Paula, da cena terrível onde o jovem rapaz atira a mocinha do alto de seu Jipe. Mas a história da novela, de fato, eu desconhecia.
Curioso, decidi me aventurar. Como na época estudava durante as tardes, pedia sempre à minha mãe que gravasse os capítulos para mim em VHS, o que ela nem sempre fazia. E sempre que possível, declinava dos estudos para assistir ao Vale a Pena Ver de Novo.
            Eis que fui irrevogavelmente capturado: descobri uma novela singela, delicada, com diálogos longos, realistas e belos, entre personagens extremamente humanos, que fugiam completamente à caricatura. Tudo que eu mais gostava. E me fartei.
            Descobri que Joyce era uma personagem fascinante, por ser tão próxima de uma adolescente real. Grávida aos 18, a menina tem sua gestação rejeitada por inúmeras pessoas: seu namorado, seu pai, e até mesmo pessoas que mal a conhecem, e que acusam-na de ter engravidado para fins escusos, como segurar Bruno (Cláudio Lins), e assim, aproveitar-se de sua situação financeira, como acusou Rafaela (Marly Bueno).
            A única pessoa que ficou ao seu de forma incondicional foi sua mãe: Helena, (Regina Duarte) corretora de imóveis de mentalidade e coração simples, por vezes antiquada, que por vezes se chocava com a cabeça jovem e rebelde da filha. Decidida a enfrentar este momento difícil ao lado dela, Helena briga contra todos para que sua filha possa ter uma gravidez o mais tranqüila possível, e torna-se a primeira a brigar, até mesmo com agressividade pelo que mais deseja: a felicidade de Joyce.
            Logo no primeiro capítulo, entra na vida de Joyce o médico Carlos Alberto Moretti (José Mayer), que no dia de seu casamento, resgata Joyce, que fora atirada pelo namorado Caio na rua, logo depois de contar-lhe a respeito da gravidez, e de sua intenção de mantê-la.
José Mayer e Regina Duarte: Carlos e Helena
            O Doutor, um homem plácido e generoso, cuida dela, mesmo com a noiva esperando-o no altar, ganhando assim, a gratidão da menina, e a amizade de Helena, que não tarda a tornar-se amor. Porém, Carlos possui diversas histórias em andamento: seu turbulento e breve casamento com a jovem e bela Paula, e seu relacionamento anterior com Sheila, uma mulher madura, sofisticada, que não compreende como pôde ter sido trocada por uma moça mimada, desocupada e de certa forma, estúpida.
            Em pouco tempo, Carlos, farto da infantilidade da esposa, abandona-a, e envolve-se com Helena. Mulher simples, trabalhadora, honrada, e que defende a filha de maneira feroz: talvez o que mais tenha encantado o médico na mulher que, a princípio, com auto-estima frágil, não consegue ver o que aquele homem letrado e bem sucedido enxergou em uma mulher de classe média, sem grandes atributos físicos e culturais – algo, inclusive, que Paula usa como arma contra sua nova inimiga.
            História de Amor, a principio contaria a trama de mãe e filha que se apaixonam pelo mesmo homem, tanto que Joyce, no inicio da obra, dá indícios de sentir algo maior do que gratidão e amizade por Carlos, assim como demonstra certo ciúme da aproximação dele com Helena. O enredo, no entanto, pareceu pesado a Manoel Carlos para o horário, e essa ideia foi rapidamente abortada, o que alterou bastante o rumo de diversos personagens.
A trama de mãe e filha apaixonadas pelo mesmo homem seria contada de vez em Laços de Família, assim como a leucemia que Eduarda teria em Por Amor, inclusive com a personagem chegando a demonstrar sintomas de alguma doença por um período, fora deixada de lado para também ser utilizada na novela seguinte do autor.
            História de Amor, sem o que seria seu grande diferencial, acabou por tornar-se uma novela convencional: um melodrama sobre um quadrilátero amoroso entre um homem e três mulheres, além da relação complicada entre mãe e filha, que embora se amem, não se compreendem. Relação esta de muita confiança, porém, também de conflitos de gerações, ciúmes, protecionismo excessivo, e até mesmo, possessividade.

Carolina Ferraz e José Mayer como Paula e Carlos

            Por ser uma trama que pode ser observada por tantos aspectos diferentes e pontos de vista diversos, o que levaria a um texto enorme e maçante, o melhor é destacar alguns dos fatores que fazem desta despretensiosa e até mesmo banal novela das 18 horas a minha favorita entre as favoritas:
            - O texto. Os diálogos, para ser mais exato. Longos, belos, os personagens abriam suas mentes e corações uns com os outros, e deixavam de tornar-se meros arquétipos para passarem ao status de quase humanos. As conversas entre Joyce e Helena, Paula e seus pais, Rômulo (Cláudio Correia e Castro) e Zuleika (Eva Wilma), os diálogos densos entre Sheila e Helena, as promessas e discussões de Carlos e Helena, os conselhos e toda a parcimônia de Olga (Yara Côrtes), e vários outros personagens.
            - Os “barracos”. Muitos adoram os barracos de Manoel Carlos. E esta novela é cheia deles, e, na minha opinião, onde estão os melhores. Helena, quando via sua filha ser agredida, perdia a cabeça e partia para cima de qualquer pessoa, o que gerou cenas inesquecíveis, como a que ela e Paula trocam agressões em um posto de gasolina. Outro momento marcante, já na reta final da novela, onde Joyce e Caio, trocam tapas e cuspes. Assunção, que ao descobrir a gravidez da filha, invade o apartamento de Helena com um revólver na mão, e, após levar um tapa no rosto da ex-mulher, devolve a agressão, para a surpresa desta. Acrescento também as inúmeras cenas de trocas de ofensas verbais e físicas entre Paula e Sheila, sendo que a segunda, cada vez mais depressiva, revoltada e rancorosa, passa, em determinado momento da novela, a misturar antidepressivos com bebidas fortes, tornando-se assim dona de um humor instável e perigoso, e de um coração confuso. Embora ressinta-se por ter sido preterida por duas mulheres, não consegue odiar Helena, uma mulher tão generosa, passando a brigar consigo mesma, mergulhando em uma depressão terrível.
            - A evolução dos personagens. Novelas, geralmente, apresentam personagens lineares, que estão a mercê dos acontecimentos, e que, em geral, não possuem influência alguma sobre eles. Em História de Amor, isso não aconteceu. Os personagens mudaram, evoluíram, cresceram, evoluíram, ou regrediram e pioraram sua personalidade e caráter, diante dos reveses da vida. Helena, com o passar do tempo, entende que Joyce ama Caio, por mais imperfeito que este seja; assim como Joyce, que passa meses da sua gravidez sendo rejeitada, vai amadurecendo, porém, ao que parece, após o nascimento da filha, decide exprimir toda a revolta e mágoa armazenada durante os nove meses em que fora injustamente humilhada sem poder reagir. Caio, o rapaz imaturo, agressivo e comandado pela mãe ambiciosa, adquire não só a independência financeira como mental ao longo da trama, reconhecendo seus erros, e lutando para recuperar o amor de Joyce, a quem tanto rejeitou e maltratou. Assunção, homem machista, por vezes agressivo, que rejeita Joyce ao descobrir a gravidez da filha, dando-lhe as costas. Com o passar do tempo, percebe que está errado, e pai e filha se perdoam, e ele também compreenda, não sem dificuldade, que Joyce e Caio se amam. Marta (Bia Nunnes) e Xavier (Ricardo Petraglia), casal que se ama, porém, que sofre com a irresponsabilidade do marido. Após inúmeros dramas, os dois, que embora se amem parecem estar em dissonância, vão, pouco a pouco, recuperando a capacidade de pensar como o que são: uma dupla, um time, um casal de amigos e parceiros.
            - A trilha sonora. A novela, mesmo em seus momentos melancólicos, sempre teve um texto “alto astral”, e muito da trilha sonora contribui para isso. Músicas como Lembra de Mim, interpretada por Ivan Lins, tema da belíssima abertura, Futuros Amantes, cantada por Gal Costa, e tema nacional da personagem Helena, Saber Amar por Os Paralamas do Sucesso, o tema de Paula, Alô Alô Marciano, por Elis Regina, tema de Zuleika, foram alguns dos hits da trilha sonora nacional. Na internacional, os sons de destaque foram Run, Baby, Run interpretada por Sheryl Crow, tema de Sheila, It’s too Late, na voz de Gloria Stefan, tema de Helena, I Started a Joke, interpretada pelo Faith No More, e tema de Carlos, Can’t Stop Lovin’ You, por Van Halen, tema de Joyce e Caio, e diversas outras músicas bem selecionadas, que fizeram desta uma novela inesquecível.
            História de Amor é uma novela que pode ser dissecada cena a cena, capitulo a capitulo. Prazerosa, leve, descompromissada. Uma história de amor no seu sentido mais amplo: entre homem e mulher, entre pais e filhos, entre amigos, entre irmãos, entre avós e netos. Foi um grande prazer descobrir e poder acompanhar esta obra do Manoel Carlos, e, agora, com a presença do canal Viva, torço para ter o prazer de acompanhá-la novamente, e desta vez na íntegra.
Até lá!
FONTES
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